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Sono e relaxamento

Veja como melhorar sua imunidade dormindo

4 MIN DE LEITURA
19 de junho de 2024

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Repouso é item de prescrição médica, onde se consolida um dos pilares da medicina* (A). É também demanda fisiológica: quando a doença chega, o corpo fica prostrado e pede descanso. O sono bate e derruba. Queda necessária para levantar.

O organismo, inteligente que só, conhece o caminho da cura: quando o corpo descansa, o sistema imunológico age a todo vapor. A inércia externa camufla o movimento contínuo das células a trabalhar.

“O sono é tudo, menos um momento de inatividade bioquímica”, condensa o farmacêutico e pesquisador em psicofarmacologia, Fabrício Assini. 

A ciência corrobora a conexão direta entre horas bem dormidas e a eficiência da imunidade. Uma pesquisa *(B) da Universidade da Califórnia comprovou que quem dorme menos de seis horas por noite tem quatro vezes mais chances de ficar resfriado. 

Explicação que vem das várias ações simultâneas que ocorrem enquanto dormimos. Ao longo das quatro fases do sono, o organismo libera uma série de hormônios: da melatonina, famosa pelo poder antioxidante, ao GH, fundamental para o crescimento e reprodução celular. 

Durante o sono o corpo providencia uma “faxina bioquímica”, jogando fora os excessos e arrumando os itens essenciais para o bom funcionamento do organismo. 


Homeostase


O processo de regulação hormonal noturno é conhecido como homeostase – numa tradução livre, poderia ser substituído pelo termo equilíbrio. “Na hora que regulo as quantidades de melatonina e cortisol, acabo também regulando a homeostasia de outros hormônios.

O GH é um hormônio fundamental liberado durante uma fase do sono, de ondas lentas. Durante essa fase, temos boa liberação de hormônios e bom controle também do sistema imune, no processo de aprendizado e memória”, explica Fabrício.

Memória essencial para a fixação do aprendizado externo – que adquirimos conscientemente – mas, sobretudo, dos ensinamentos celulares. É que, quando o organismo entra em contato com um corpo estranho (antígeno), ele reconhece o agente invasor e ativa as células de defesa, desenvolvendo anticorpos para superar a doença. 

Essa informação sobre o antígeno vencido vai para o banco de dados, chamado memória imunológica. A capacidade de fixar essas novas referências está diretamente ligada ao sono de qualidade. “Não dá pra separar sono de sistema imune. É tudo junto ao mesmo tempo. “, afirma, categoricamente, o especialista.  


Ciclo circadiano


Do latim, circadiano remete a cerca (circa) de um dia (diano)* (C ). O termo faz referência às 24 horas em que ocorrem as alterações nos estados físicos e mentais de cada indivíduo. Ritmo ditado pela exposição à luz. O que explica as reiteradas recomendações dos especialistas sobre a necessidade da diminuição da luminosidade durante à noite, principalmente no período de descanso.   

É que, na prática, depois de entrar no olho, a luz estimula as células da retina, enviando impulsos que sinalizam para o cérebro parar de produzir a melatonina – o hormônio indutor do sono e da sensação de relaxamento. 

Baseadas nesse ciclo, as evidências científicas apontam o período noturno como o indicado para a manutenção de um ritmo fisiológico saudável. Para além da soma do tempo dormido, que no caso dos adultos deve variar de seis a oito horas, o indicado é manter uma rotina com horários estipulados para deitar e acordar.
 

“O ideal é que a pessoa consiga diminuir a luminosidade por volta de 21h. Mas, pensando na vida real, poderia ser às 22h, num ambiente fechado, sem incidência de luz, até – pelo menos – às 4h da manhã”, pontua Fabrício. 


“Já pra cama”


Se fosse mãe, o organismo ditaria: “deixe o celular de lado e comece a se preparar duas horas antes de dormir”. A rotina de relaxamento aplicada aos bebês segue a mesma lógica para induzir o sono nos adultos. É preciso trabalhar na higiene do sono para garantir a qualidade do período na cama. E, para isso, segundo Fabrício Assini, é fundamental eliminar os fatores excitatórios. Na prática, algumas sugestões são:

  • diminuir luminosidade;
  • evitar telas azuis;
  • ler;
  • escutar músicas relaxantes;
  • fazer exercícios de respiração;
  • meditar.

Fabrício indica ainda a aromaterapia para os adeptos de métodos alternativos que auxiliam na indução do sono de qualidade. 

Lembre-se


Não basta dormir, é preciso dormir bem. Proporcionar um bom ambiente para o sono implica diretamente na qualidade do período de descanso. É durante a noite que o organismo trabalha na síntese dos hormônios  necessários para o pleno funcionamento do corpo.

Não esqueça: a orientação principal é dormir e acordar no mesmo horário, por pelo menos seis a oito horas por noite. 


Para ouvir


O farmacêutico e pesquisador em psicofarmacologia, Fabrício Assini, conversou com as nutricionistas Roberta Carbonari e Alessandra Feltre sobre as conexões estabelecidas durante o sono e atitudes que cooperam para o sono de qualidade. Clique aqui para ouvir. 

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