É um ciclo vicioso: você come açúcar, dorme mal, acorda e seu cérebro pede mais açúcar, numa tentativa de restabelecer a sensação de bem-estar.
O comprometimento do sono eleva o cortisol, diminui a leptina e aumenta o apetite – principalmente por alimentos açucarados.
Num looping sem fim, as noites de sono reparador ficam mais distantes a cada doce ou prato de massa que você come no almoço ou jantar.
Isso porque, vale lembrar: açúcar é o termo genérico para carboidrato.
Os alimentos que abastecem esse ciclo não são apenas balas, chocolates, brigadeiro, biscoito recheado, chips e outros produtos industrializados altamente palatáveis.
Entram nessa conta diária dos açúcares o pão branco, o arroz, as massas, entre outros produtos feitos com cereais refinados.
“É preciso ficar atento ao tipo de carboidrato e à quantidade consumida ao longo do dia. Quanto maior o consumo desse tipo de alimentos, maior o prazer momentâneo. E aquele alimento deixa de ser uma ocasião e se torna um hábito e, com esse hábito estabelecido, existe uma maior possibilidade de gerar um superávit calórico”, alerta a nutricionista Alessandra Feltre.
Durante o dia
Além da influência no sono, o excesso de açúcar impacta na saúde como um todo.
Isso ocorre por meio da transformação do carboidrato em triglicérides, armazenado como gordura, que a médio e longo prazo pode contribuir para o desenvolvimento da obesidade e de doenças como a diabetes.
Outro ponto destacado por Alessandra é o aumento na demanda por nutrientes importantes para o organismo, como as vitaminas do complexo B, vitaminas C e E e minerais como zinco, cobre, cromo, manganês, magnésio e selênio.
A explicação está na condição clínica conhecida por hiperglicemia, que desencadeia a glicação – uma reação química que altera o equilíbrio antioxidante do organismo.
Desse desequilíbrio vem a ligação entre o consumo exagerado de açúcar e o envelhecimento.
Ponto de equilíbrio
Defensora da dieta mediterrânea, a Alessandra Feltre orienta um cardápio vasto em alimentos ricos em fibras, vitaminas, compostos antioxidantes e anti-inflamatórios (e pobre em gordura saturada e açúcares).
“A dieta mediterrânea tradicional possui características marcantes como elevada ingestão de alimentos frescos e naturais como legumes, frutas, cereais não refinados, oleaginosas, produtos lácteos e óleos em quantidade moderada, como o azeite de oliva extra virgem”, detalha.
Em relação às proteínas, as carnes vermelhas devem ser consumidas em baixas quantidades, assim como os doces. Se possível, o ideal é priorizar o consumo de frango e peixes.
Para complementar
Além do cardápio, o padrão mediterrâneo apontado pela nutricionista inclui a prática de atividade física regular, descanso adequado e convívio social.
Estratégias simples que, segundo ela, contribuem na capacidade antioxidante, na modulação dos processos inflamatórios e no equilíbrio da produção de serotonina – neurotransmissor que causa a sensação de bem-estar e de saciedade.
A sugestão para noites de sono e manutenção da vida saudável é focar nos pilares da qualidade de vida: alimentação equilibrada, sono, gerenciamento do estresse, exercício físico e suplementação individualizada, com a supervisão do profissional de saúde da sua confiança.
Bom lembrar
Os hábitos interferem diretamente no funcionamento do organismo.
O costume de ingerir regularmente altos níveis de açúcar causa uma série de consequências: da má qualidade do sono ao desenvolvimento de doenças como a diabetes.
Substituir açúcares por alimentos frescos é uma das alternativas indicadas pela nutricionista Alessandra Feltre para readequar o padrão alimentar.
A especialista aconselha investir na dieta mediterrânea – tanto no cardápio quanto no estilo de vida, ao implementar hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos e descanso.
O combo de recomendações é o caminho para sair do looping da dependência causada pelo açúcar. Um atalho para uma vida mais leve, fluida e saudável.